Bailes de máscaras e vamps: uma trajetória
Lord A
A mítica do Baile de Máscaras sempre foi algo que fascinou Lord A e os partícipes da Comunidade Vamp do Brasil, há algo de um mistério e certa majestade nisso tudo. O mítico carnaval de Veneza na Itália era uma herança dos povos venetos e celebravam reminiscências de uma cultura e religiosidade pagã que dali ramificou entre os povos eslavos e posteriormente nos personagens arquetípicos da Commedia D’ella Arte italiana. Bailes de máscaras e Vamps uma trajetória sem fim através de alegorias e do imaginário.
Filmes como De Olhos Bem Fechados de Kubrick (1999) e mesmo o caricato Van Helsing (2004) também beberam nessa fonte lunar e dionisíaca. Imagens evocativa sem dúvida, mas para o Ethos Vamp o baile de máscaras tem raízes ou melhor vem de um imaginário mais distante; longe das águas superficiais e das praias onde brinca quem vive um sono sem sonhos embebido em espiritualidades de commodities. Já os Bailes de máscaras e Vamps, uma trajetória sem fim, levam aqueles que dançam para muito, muito mais longe, bem depois da angústia…
MASCAS, LOMBARDOS E AQUELES QUE VOAM ATRAVÉS DA NOITE
Ao norte da Itália, as bruxas eram chamadas de “Mascas” pelos povos lombardos, e é por lá que encontraremos as raízes sabáticas e pagãs do carnavalesco baile de máscaras dos venezianos. Bailes de máscaras e Vamps, uma trajetória inegável e irresistível.
A própria raiz da palavra máscara também vem do latim medieval na forma de “masca” que designava espectros noturnos femininos e pesadelos. Era a máscara usada para evocar tais forças e visitar as profundezas do ser ou lugares mais distantes (tirando o ego ou ainda o eu diurno da jogada). O que a Cosmovisão Vampyrica chama de “Istmo” e a filosofia de “Terra Incógnita” ou ainda o “Mundus Imaginallis” dos perenealistas e pré-modernos.
Lamias, Streghas, Strix e Strigois, o mistério do vôo noturno – a base metafísica de todas as religiões, religiosidades e espiritualidades(entenda melhor o tema, aqui). Para o árabe era “maskharah” um bufão ou quem sabe um arlequim. No aramaico era “mesaqqer” ou pintar de vermelho as faces, como faziam os judeus no mês de Adar em Jerusalém; no Sião as jovens mais luxuriosas mascaravam com tinturas em torno de seus olhos com vermelho também. Próximo espreitava o Rei dos Elfos e ainda o Hellequin ou Arlequino – quem sabe entre os descendentes de Odin como os Lombardos ao norte da Itália. (Rei dos Elfos, Hellequin e o Diabo são amplamente abordados no livro #Mistérios Vampyricos).
Ao sul da França, no Occitane, o termo era “mascurer” ou “masco”, enegrecer e sombrear ao redor dos olhos e o rosto como uma máscara. Um certo tom sablé para a maneira como enxergamos a vida, quando a obscuridade e a reverência ao desconhecido como um controle de qualidade pessoal.
“Mascurer ou “Masco” são reminiscências de uma lingua pré-indo-europeia que ainda hoje remetem aos mistérios do voo noturno (nos dias de hoje conhecido como sonho lúcido, jornada astral, é a experiência xamânica original em deixar a pele como um estrela flamejante a singrar a noite). Gaitistas de fole amaldiçoados, violinos ciganos, tambores e loucas flautas no mundo antigo. Sintetizadores, guitarras e batidas repetitivas a 128kbps, além do poder das palavras que nos fazem muito bem a cada noite que realizamos nossos bailes.