Espelhos
Quando sinto a percepção de meus reflexos, penso que reneguei o narcisismo utilitário um dia contemplado por mim. Dessa forma, sou constantemente assombrado por ele. Nas sombras se esconde, querendo ser meu amigo mais fiel.
Demonstra um intenso companheirismo e me joga para diferentes faces de uma inércia rasa.
Concentro-me na multidão, mas, ele continua aqui. Subalternizando minha casca ao que há de mais inerente ao mundo sólido. Me transforma em vários.
Pare, por favor! Não quero mais sucumbir aos olhares alheios. Posso eu por apenas um minuto me descontrair de toda avidez social? Fétidas faces!
Horrendo. Você me aniquila pouco a pouco.
Sufoco.
Me deparo diariamente aglomerado por presságios de uma nova silhueta.
Intercalando meu destino com a sordidez de cada olhar, almejo uma fuga.
Não consigo compreender o porquê desta maldição! Cresci com essa exuberante violência sintética em meu entorno.
Chega! Não quero mais olhar-me! Esfacelei-me!
Vocês não dizem nada! Não explanam minha verdade, não compactuam com minhas bestas, não simpatizam com meus outros, muito menos com o meu introspecto divino… que hoje se encontra morto.
Quebro a todos até o último pedaço!
Destruo todas as personas que me rodeiam e me consomem. Sempre foram vocês.
Deságuo a todos nos poços mais profundos da imundície alheia.
Hoje não será o dia de vocês. Amanhã, já não sei.
Liberdade é empirismo.
Assim, resigno-me em resíduos.